A Saga do Monstro do Pântano fase Alan Moore

Alan Moore assume a revista a partir do número 20. Intitulada Pontas Soltas, ela foi lançada em janeiro de 1984 e apenas dá continuidade ao arco de histórias da dupla anterior. É na revista seguinte que Moore realmente imprime toda sua genialidade.
Lição de Anatomia é um marco na indústria dos quadrinhos americanos. Após a criatura ter sido perseguida e supostamente morta a tiros pelos homens do General Suderland (na edição 20), o corpo do Monstro se encontra em uma câmara de criogênio na comporação Sunderland. Neste número ficamos sabendo, através da autópsia de Jason Woodrue (vulgo Homem Florônico) que o Monstro do Pântano não é Alec Holland, mas sim planta que acredita ser Alec Holland. “Achávamos que o Monstro do Pântano era Alec Holland, de algum modo transformado em numa planta. Não era. Era uma planta que achava que era Alec Holland” diz Woodrue. A planta de alguma maneira conseguiu se alimentar dos restos mortais de Alec que foram lançados no pântano e conseqüentemente adquiriu a consciência e a memória de Alec e desta forma se moldou com um corpo humano.

Desde modo, descobrimos que a criatura não pode morrer, pois o que a mantém viva é a consciência e não o corpo, já que este é totalmente artificial. Ela acaba por conseguir uma “consciência panteísta” e pode transferi-lá para qualquer lugar onde haja o “Verde”, ou seja, a Natureza. Ainda nesta edição, a criatura ressurge dentro da sala aonde esta seu antigo corpo e lê as anotações da autópsia de Woodrue, descobrindo assim sua verdadeira natureza. Confuso e com raiva, ele acaba assassinando Sunderland, depois de saber que foi ele o mandante da sabotagem ao laboratório de Alec Holland.


Lição de Anatomia se tornou um marco dos quadrinhos, quebrou barreiras. Nos números subseqüentes, Moore explorou vários gêneros como terror, ficção científica, mistério e epopéias. Abordou temas como o sentido da vida, do amor e do sexo, utilizou o personagem para criticar o capitalismo e desmatação da natureza, bem como a indiferença e falta de consciência do homem industrializado com a questão do meio ambiente, tudo isto com uma qualidade poucas vezes vista no mercado americano, elevando assim os quadrinhos a um novo patamar. Monstro do Pântano é um extraordinário laboratório de idéias, temas e atmosferas que desafiam a fronteira entre o mainstream e o alternativo, e vão vencer o selo do Comics Code.

Moore transformou um personagem de terceiro escalão em um sucesso. A revista, agora rebatizada de A Saga do Monstro do Pântano, que antes estava para ser cancelada, alcançou um sucesso de público e crítica, triplicou suas vendas de 19.000 para 60.000 exemplares vendidos mensalmente e ganhando vários prêmios. Esta fase ainda é importante no sentido de ser a gênese de uma importante linha de quadrinhos da DC, a Vertigo/DC. Linha esta com histórias mais adultas, casa de séries muito conceituadas como Sandman de Neil Gaiman, Os Invisíveis de Grant Morrison e Preacher de Garth Ennis, todas igualmente importantes para a aceitação dos quadrinhos. John Constantine, o personagem mais famoso da linha Vertigo e publicado na revista Hellblazer, foi criado por ele na série do Monstro do Pântano.
No ano de 1987, Alan Moore saiu da revista, deixando o roteiro a cargo de Rick Veitch, que já estava desenhando as histórias do Monstro na sua própria fase, e partiu para fazer trabalhos mais pessoais (Watchmen, V de Vingança, Do Inferno), que posteriormente também viraram exemplos do melhor que os quadrinhos podem oferecer.

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