Astrologia de All Star Superman

Quando, em 2006, a DC Comics criou a linha All Star com a proposta de reunir seus maiores ícones em termos de personagem e artistas, muitos torceram o nariz. Não sem razão, já que a editora perdeu muito crédito com suas recentes trapalhadas e maxiséries intermináveis. Mas, felizmente, quem leu as histórias do Superman feitas para esta linha, acabou apreciando uma série memorável, graças, principalmente, a duas pessoas:

O primeiro é Grant Morrison, uma das maiores estrelas dos quadrinhos mainstream, que nos surge como roteirista da série. Ele é um dos escritores mais criativos que têmos o prazer de ler neste meio. Quem acompanhou The Invisibles, Animal Man, Doom Patrol ou We3, por exemplo, sabe como Morrison é deveras genial.

Para as histórias do Homem de Aço, que sairam em doze números, ele nos remete a Era de Prata das aventuras de super-heróis. Suas histórias se apresentam em um tom nostálgico, de puro deleite, em nada pretendendo a temática dos últimos tempos, em que os super-heróis são retratados "na vida real". Morrison sabe que Superman faz parte de uma Mitologia Moderna, é um arquétipo, uma transposição de sonhos almejados pela humanidade e que foi dessa maneira encantou gerações de leitores.
Cada número funciona como uma história solo, uma história épica, nas quais Superman se depara com grandes feitos. É difícil transpor em palavras o prazer da leitura de tais histórias, como quando Superman da um último adeus ao seu pai Jonathan Kent, a luta contra Solaris, sua estadia no Planeta Bizarro, a epifania de Lex Luthor, Superman impedindo uma suicida de pular de um prédio (talvez umas das páginas mais comoventes já escritas neste meio), enfim.
O segundo é Frank Quitely. Nada disso talvez seria possível sem a mão deste desenhista, que fez um de seus melhores trabalhos. Sua precisão nos detalhes, na feição dos rostos, cenas de ação, narrativa, só vem reafirmar sua posição como um dos melhores desenhistas trabalhando com os super-heróis da atualidade.
Créditos também para Jamie Grant, o colorista e arte-finalista da série, que fez um trabalho admirável em todas as histórias.


Fica a impressão de que a cada leitura de All Star Superman, somos equiparados aos astrônomos renascentistas, descobrindo novas estrelas, novos brillhos, fruindo a beleza dos astros de uma velha constelação que parecia ter perdido seu encanto.


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